Os prós e contras da computação em nuvem





CIO do IEEE, Alexander Pasik, apresenta suas considerações sobre o modelo de cloud e fala sobre os desafios da integração de sistemas

O espectro dos modelos de serviços de computação em nuvem oferece uma coleção cada vez maior de serviços de TI gerenciados, porém, com controle e flexibilidade cada vez menores. Os três principais modelos de serviços de computação em nuvem — IaaS, PaaS e SaaS — fornecem níveis variáveis de economia de escala, impõem níveis variáveis de dependência de fornecedor e têm seus próprios problemas quando se trata de integração entre os vários sistemas locais e de nuvem que são implantados.
Segundo o NIST (National Institute of Standards and Technology), a computação em nuvem é um modelo para a habilitação do acesso sob demanda a um pool de recursos de computação que podem ser provisionados e liberados com o mínimo de esforço.
Além disso, o NIST categoriza a computação em nuvem em três modelos de serviços: Infraestrutura como serviço (IaaS), Plataforma como serviço (PaaS) e Software como serviço (SaaS). Cada um tem suas vantagens e desvantagens que impactam os esforços de TI (tecnologia da informação) de uma empresa e também suas práticas comerciais e finanças.
À medida que o papel do CIO evolui de um simples provedor de serviços de TI para um verdadeiro parceiro na definição e execução de estratégias empresariais, você se verá navegando por esses prós e contras da computação em nuvem.
Os modelos de serviços
O espectro dos modelos de serviços da computação em nuvem vai do IaaS até o PaaS e o SaaS, com variações sutis entre eles. Esses modelos podem ser compreendidos de acordo com os níveis cada vez mais altos de serviços de TI que cada um fornece e também com os níveis cada vez mais altos de controle que a empresa precisa delegar ao provedor da nuvem.
► Os provedores de IaaS entregam ambientes de servidores virtuais à empresa, nos quais o departamento de TI implanta todas as camadas de software que julgar necessárias.
► Os provedores de PaaS entregam ambientes de servidores virtuais similares, porém pré-carregados com sistemas operacionais e de banco de dados específicos, além de ambientes de desenvolvimento, reduzindo assim os esforços necessários para que o departamento de TI configure e mantenha essas camadas, porém restringindo o uso dos ambientes ao desenvolvimento e à implantação sobre essas camadas.
► Os provedores de SaaS entregam aplicativos totalmente funcionais que são acessados pelos usuários finais via thin clients, como navegadores da Web; eles não expõem as camadas subjacentes aos clientes.
O espectro dos modelos de serviços de computação em nuvem oferece uma coleção cada vez maior de serviços de TI gerenciados, porém com controle e flexibilidade cada vez menores.
Os três modelos de serviços de computação em nuvem fornecem níveis variáveis de economias de escala, impõem níveis variáveis de dependência de fornecedor e têm seus próprios problemas quando se trata de integração entre os vários sistemas locais e de nuvem que são implantados. Além disso, a adequação da computação em nuvem varia de acordo com a maturidade da empresa e da TI.
A proposta de valor para a TI sempre foi a economia de escala. A TI habilitava o crescimento dos negócios possibilitando a realização de grandes volumes de transações em alta velocidade. Nos primeiros anos da computação, as despesas associadas a data centers resultaram no time-sharing, ou seja, algumas empresas investindo em mainframes e outras comprando potência de processamento e armazenamento delas.
Os microprocessadores e o armazenamento resultaram, nos anos 80, em uma reação contra os data centers centralizados: já que o hardware era tão barato, por que não localizar a TI e ignorar qualquer economia obtida com a reutilização? Mas, nos anos 90, ficou claro que, apesar do baixo custo da potência de processamento e do armazenamento, os custos de TI subiam drasticamente devido ao gerenciamento e à manutenção associados aos recursos altamente distribuídos, não compartilhados e subutilizados.
A computação em nuvem representa uma volta ao time-sharing, porém aproveitando os avanços dos últimos 30 anos. Todos os modelos de serviços permitem algumas economias de escala. No IaaS, o data center (estado real, energia, resfriamento), o hardware de processamento e armazenamento, os firewalls e as redes, são todos compartilhados entre os clientes dos provedores de nuvens. Os custos fixos são distribuídos, resultando em economias que podem ser compartilhadas entre o provedor e os clientes. No lado oposto do espectro, os provedores de SaaS executam aplicativos de software completos projetados para a multilocação. A adição de um cliente ao Google Apps não exige a implementação do Google em novos servidores, bancos de dados e softwares especificamente para esse cliente. As economias de escala para essas soluções de SaaS de multilocação podem ser enormes, chegando a representar custos 10 vezes mais baixos.
Embora o espectro desses benefícios econômicos seja grande, é importante que os CIOs que estão considerando as soluções em nuvem entendam que esses benefícios econômicos serão menores (e talvez inexistentes) para o IaaS. Ou seja, embora existam argumentos não econômicos convincentes para o IaaS, as economias de escala são maiores no SaaS.
Juntamente com as economias de escala, aumentam também os problemas com a dependência de fornecedor. Nos ambientes de IaaS, uma vez que o cliente mantém total controle sobre as camadas de software implantadas nos servidores do provedor, a migração desses ambientes virtuais deveria ser uma tarefa direta. No entanto, a migração dos sistemas financeiros de uma empresa executados em um ambiente de SaaS representa um desafio considerável. Seja como for, é importante observar que essa desvantagem da dependência do SaaS não é mais onerosa do que a dependência de soluções locais equivalentes. Assim, o espectro da dependência de fornecedor não deve ser considerado nem uma vantagem para o IaaS nem uma desvantagem para o SaaS com base em sua natureza de nuvem.
Desafios da integração de sistemas na computação em nuvem
A integração de sistemas sempre foi um desafio para as organizações de TI. Uma implementação apropriada de uma solução em nuvem não deve nem aliviar nem aumentar esse desafio. Para o IaaS, a carga sobre a TI é a implementação de uma nuvem híbrida. Ou seja, com a implementação de ambientes virtuais similares aos do provedor de nuvem, a integração de sistemas deve ser abordada de forma semelhante às tarefas de integração tradicionais.
Para as empresas preparadas para o comprometimento com uma única plataforma de desenvolvimento, as soluções de PaaS oferecem integração otimizada dentro da plataforma oferecida; no entanto, a integração desses sistemas a outros envolve não só os desafios tradicionais da integração, mas também novos desafios ligados às transformações entre os ambientes local e de nuvem.
Com as soluções de SaaS, o provedor de nuvem controla totalmente cada um dos sistemas. Em alguns casos, eles não podem ser integrados a outros de forma alguma. Mas os provedores de SaaS cada vez mais oferecem APIs para habilitar a integração. No mínimo, os CIOs devem insistir no recurso da integração de identidades, para que os sistemas locais e de SaaS possam compartilhar recursos de login único.
Em geral, a integração nuvem-local apresenta um desafio crescente para os ambientes híbridos e uma necessidade emergente de ferramentas maduras. Existem algumas ofertas de fornecedores disponíveis, mas os custos dessas ferramentas devem ser levados em conta nas decisões.
O tamanho e a maturidade de uma empresa, ou sua inércia, têm um impacto profundo sobre sua capacidade de explorar a computação em nuvem. À medida que a inércia de uma empresa aumenta de sua infância (fundação) até a maturidade (empresa de grande porte com uma área de TI bem-desenvolvida que explora a virtualização), a capacidade de aproveitar os benefícios da computação em nuvem começa alta, depois diminui e, mais tarde, aumenta novamente.
As empresas recentes e sem nenhum investimento em TI são as que têm mais potencial para abandonar a TI local e implementar soluções em nuvem imediatamente. As soluções de SaaS podem ser selecionadas para aplicativos bem-definidos, sendo o PaaS ou o IaaS aproveitado para os sistemas personalizados.
No outro lado do espectro da inércia, as empresas maduras que já implementaram uma nuvem privada podem facilmente passar para a nuvem pública a fim de gerenciar os requisitos de carga, a expansão do data center ou as ofertas específicas de SaaS.
A situação mais difícil é encontrada nas empresas adolescentes que investiram em data centers locais ou não virtualizados com sistemas empresariais personalizados. Esses CIOs enfrentam os mais temíveis desafios com as soluções em nuvem, devido aos problemas de integração de sistemas.
Perguntas sobre a segurança na computação em nuvem
Finalmente, nenhuma discussão sobre as armadilhas da computação em nuvem seria completa sem se falar sobre a segurança. “Como você pode achar que eu vou hospedar meus preciosos dados na nuvem? Ela não pode ser tão segura quanto meu data center, que está sob o meu controle!”
O argumento é poderoso, apesar de sua falha básica: um bom provedor de nuvem, cujo negócio é gerenciar um data center de multilocação, investe muito mais em segurança do que uma empresa cujo negócio não tem nada a ver com o gerenciamento de data centers.
Na verdade, é como dizer que seu dinheiro está mais seguro em um banco do que debaixo do colchão. Mas ainda existe a barreira psicológica da ilusão de segurança dentro das quatro paredes de uma empresa. Talvez esse receio possa ser reduzido com um seguro de nuvem, que inclui um seguro contra violações de segurança com descontos em relação aos seguros similares para a segurança de dados locais. Esses descontos devem estar disponíveis com base no nível de investimento em tecnologias de segurança feito pelo provedor da nuvem.
No entanto, mesmo que essas barreiras sejam superadas, vencendo as preocupações com a segurança, resta uma questão entre a realidade e a lei. Especificamente, mesmo que fique óbvio que os dados estão mais seguros em um provedor de nuvem do que dentro de uma empresa, leis arcaicas podem exigir que sejam mantidos dados locais. Eventualmente, as leis deverão refletir a realidade, mas isso levará tempo.
O futuro da computação em nuvem
A teoria da seleção natural de Darwin funciona também para os mercados da tecnologia. Embora haja flutuações nas adoções que levem à subotimalidade temporal, o mercado eventualmente selecionará as soluções que melhor se adaptam aos requisitos da sociedade.
Os benefícios econômicos da computação em nuvem acabarão por vencer os obstáculos, exigindo soluções que os superem. Existem armadilhas e advertências que tanto CIOs quanto CEOs devem analisar para a adoção da computação em nuvem, mas o maior erro de todos é ficar para trás enquanto a concorrência tira proveito desse inevitável futuro do setor de TI.
*Alexander Pasik, PhD, é CIO do IEEE e professor associado adjunto de Ciências da Computação na Columbia University de Nova York.

Nenhum comentário:

Postar um comentário